Um estudo divulgado pela revista Nature Communications, na passada terça-feira, concluiu que as partículas de microplásticos se deslocam, em média, 4500 quilómetros pelo ar, podendo fazer viagens transcontinentais e transatlânticas.

Os microplásticos - pequenos pedaços de plástico - já foram encontrados em vários locais, como oceanos, rios, solos, chuva e neve. Num novo estudo sobre o ciclo de vida deste material, a equipa de investigadores recolheu dados sobre a viagem dos microplásticos pela atmosfera no Observatório Pic du Midi (PDM) de alta altitude nos Pirenéus, no Sul de França, confirmando que o poluente pode ser transportado pelo vento, por mais de 4500 quilómetros. Portugal foi identificado como uma das "potenciais fontes de origem" das partículas encontradas.

O microplásticos pairam no ar a 2877 metros de altitude acima do nível do mar, no Pic du Midi, numa zona da troposfera livre (camada da atmosfera terrestre acima das nuvens). Foram analisados dez mil metros cúbicos de ar, captado semanalmente, e encontrada uma concentração de aproximadamente uma partícula de microplástico por quatro metros cúbicos. Os dados do estudo revelam que esta zona, considerada limpa devido à pouca afluência e impacto ambiental, está contaminada com partículas que terão viajado mais de 4500 quilómetros até ao Sul de França, atravessando continentes e oceanos. A poluição já atingiu a zona da troposfera livre, que é um vector de transporte também para poluentes como o chumbo ou o mercúrio.

Este estudo vem afirmar que o plástico é um problema mundial, mesmo para os povos que não o utilizam. Os microplásticos têm a capacidade de se disseminar mundialmente, via aérea, em regiões longínquas da fonte em que foram produzidos e utilizados.