A 28ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP28), a cimeira global do clima, que decorreu em 2023 no Dubai, marcou o princípio do fim da era dos combustíveis fósseis como ainda não se tinha verificado até aqui.
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável - considera que os resultados da conferência constituem um “avanço importante para o clima”, mas com um “sabor agridoce porque ainda se deixam abertas muitas opções falsas e contraditórias”.
A janela de oportunidade para limitar o aquecimento global a 1,5 graus, face à era pré-industrial, está a fechar-se rapidamente e para os ambientalistas o texto ainda não proporciona, na sua totalidade, o equilíbrio necessário para reforçar a acção global para a correcção do rumo das alterações climáticas.
O texto não fala especificamente sobre a eliminação progressiva e mitigação dos combustíveis fósseis de uma forma que seja de facto “a mudança radical necessária”, alerta a associação.
Os combustíveis fósseis fornecem actualmente cerca de 80% da energia mundial. Cerca de 90% das emissões globais de dióxido de carbono provêm de combustíveis fósseis.
“Portugal também precisa de não falhar em sectores como os transportes cujas emissões têm estado em contra-mão, apostando nas renováveis, mas de forma sustentável e não se distrair com soluções erradas como a exportação de hidrogénio verde”, realça a associação ambientalista.
A ZERO sublinha ainda que os próximos anos deverão ser de reforço na cooperação internacional, esforços locais, regionais e nacionais para garantir os 1.5ºC e por uma “eliminação dos combustíveis fósseis completa, financiada, justa, rápida, feminista e para sempre”.
O acordo acolheu a proposta da União Europeia de triplicar as renováveis e duplicar a eficiência energética com a neutralidade carbónica no horizonte de 2050.
O texto inclui referências importantes aos oceanos e à importância do restauro dos ecossistemas marinhos e de acções de mitigação e adaptação marinhas, reforçando o nexo Oceano-Clima.
“Portugal orgulha-se de ser exemplo na ambição e acção climática: figurámos nos países com classificação elevada no Climate Change Performance Índex e fazemos parte das alianças internacionais mais ambiciosas. Somos também uma referência no financiamento a países em desenvolvimento, em especial com o programa de troca da dívida de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe por financiamento climático nesses países. Tivemos, pela primeira vez, um pavilhão que foi reconhecido como um dos melhores desta COP", sublinhou o Ministro do Ambiente e Acção Climática, Duarte Cordeiro.