O resultado da 26ª Cimeira do Clima da ONU, que decorreu em Glasgow, na Escócia, ficou longe de assegurar travão a fundo na crise climática. O objectivo de garantir medidas que garantam que o aquecimento global do planeta não excede 1,5º C face à era pré-industrial, de forma a evitar o aumento de fenómenos climáticos extremos, não foi cumprido.
O tema volta à mesa das negociações globais em 2022, no Egipto, mas até lá ficam também algumas conquistas alcançadas em Glasgow.
Desde logo destaca-se o acordo alcançado para a redução das emissões de metano, o segundo gás mais importante em termos de emissões e responsável por cerca de 30 por cento do aquecimento global. A redução destas emissões em 30 por cento, até 2030, é uma peça chave no caminho para a descarbonização. Ainda assim ficaram de fora países como a China, a Índia e a Rússia.
Líderes de mais de 120 países, que representam cerca de 90 por cento das florestas do mundo, incluindo o Brasil, comprometeram-se a abandonar a desflorestação até 2030. O acordo contempla um financiamento significativo, público e privado, de cerca de 20 mil milhões de dólares para a protecção das florestas.
Nesta COP anunciou-se a primeira iniciativa diplomática mundial focada na eliminação da exploração de combustíveis fósseis: Beyond Oil & Gas Alliance, ou BOGA.
As medidas para indemnizar de forma justa os países vulneráveis pelos danos e perdas já sofridos nos seus territórios decorrentes de fenómenos extremos, cada vez mais causados ou agravados pelas alterações climáticas, foram centrais nesta cimeira e aplaudidas por associações.
Outro marco foi a adesão de um conjunto de países a um acordo sobre o fim do uso de carvão na produção de eletricidade, incluindo a Polónia, país fortemente dependente do carvão.
A grande decepção aconteceu já no momento final. Uma emenda de última hora proposta pela China e Índia – o terceiro maior poluidor do mundo - modificou o texto preliminar sobre a redução do uso de carvão. Em vez de “eliminação”, tal como na proposta inicial, passou a constar “redução gradual”.
O texto final inicial contemplava o fim do carvão na produção de energia eléctrica, o que constituía uma novidade, ainda que sem indicação de metas. Este recuo demonstra a enorme dependência de muitos países deste combustível fóssil que importa eliminar com vista à descarbonização global.